Quem sou eu

Minha foto
Pelotas, Rio Grande do Sul, Brazil
Este blog foi criado por nós, alunas do 7º semestre do Curso de Pedagogia - noturno da UFPel para a disciplina de Ensino Aprendizagem Conhecimento e Escolarização VII. Nossa intenção é a partir de uma atividade proposta em aula, criar um espaço de divulgação das nossas idéias baseado na pedagogia Freinet. Sejam Bem Vindos! Angela, Bianca, Camila, Cristiane, Daiane, Daniela, Eva Regina, Geisa, Josimara, Juliana G, Sylvia, Taciana.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O Letramento e a Pedagogia do Bom Senso

O QUE É LETRAMENTO?

Letramento não é um gancho
em que se pendura cada som enunciado,
não é treinamento repetitivo
de uma habilidade,
nem um martelo
quebrando blocos de gramática.
Letramento é diversão
é leitura à luz de vela
ou lá fora, à luz do sol.
São notícias sobre o presidente,
o tempo, os artistas da TV
e mesmo Mônica e Cebolinha
nos jornais de domingo.
É uma receita de biscoito,
uma lista de compras, recados colados na geladeira,
um bilhete de amor;
telegrama de parabéns e cartas
de velhos amigos.
É viajar para países desconhecidos,
sem deixar sua cama,
é rir e chorar
com personagens, heróis e grandes amigos.
É um atlas do mundo,
sinais de trânsito, caças ao tesouro,
manuais, instruções, guias,
e orientações em bulas de remédios,
para que você não fique perdido.
Letramento é, sobretudo,
um mapa do coração do homem,
um mapa de quem você é,
e de tudo o que você pode ser.

Criado por: Kate M. Chong – estudante norte-americana, de origem asiática.
SOARES, Magda. LETRAMENTO um tema em três gêneros. 2. ed. 8. reimpr. Belo Horizonte:
Autêntica, 2004.

3 comentários:

  1. A partir das reflexões que o poema nos permite produzir, destacamos alguns princípios da Pedagogia Freinet que amparam esta perspectiva de letramento. Buscamos também relacionar outras àreas do conhecimento a esta proposta.

    ResponderExcluir
  2. Partindo do pressuposto que letramento envolve muito mais que codificar e decodificar, que é algo mais amplo e por essa razão não depende exclusivamente da alfabetização do indivíduo, mas sim, de como esse indivíduo se relaciona (faz uso) com as escritas/símbolos da sociedade em que ele vive, é possível destacar invariantes pedagógicas de Freinet que reforçam essa perspectiva. Proporcionar a experiência de letramento ao aluno não depende apenas dos textos provenientes de cartilhas e livros didáticos. Depende de imagens, bilhetes, histórias, vivências, enfim, um conjunto de fatores.
    Pensando nisso dou destaque para três invariantes que proporcionam, por sua interpretação, um amparo à perspectiva de letramento acima referida. A primeira, a invariantes nº 7, trata da escolha das atividades, como destaca Sampaio (s/d): “Todos gostam de escolher seu próprio trabalho, mesmo que essa escolha não seja a mais vantajosa” (p. 84). Considerando o que o excerto menciona, que todos gostam de escolher seu próprio trabalho, considerar que o aluno pode escolher o que quer ler, quando quer e o tempo que levará para fazê-lo é importante, pois ele sentirá prazer no que faz e terá mais significado do que realizar uma leitura mecânica de algo imposto.
    A invariante nº 10-a, que trata do sucesso x fracasso é um “complemento” do que foi acima citado. É mais fácil para o aluno estabelecer relações com o que lhe é familiar do que com o que não tem significado para ele. Uma vez que o aluno consegue compreender e significar/interpretar um bilhete de alguém querido, a placa do ônibus que pega para a escola ou sua história em quadrinhos favorita, ele se sente capaz de alçar novos vôos no campo da leitura, a vontade para compreender o mundo que o cerca. Por fim a invariante nº 17: “A criança não se cansa de um trabalho funcional, ou seja, que atende os rumos de sua vida” (SAMPAIO, s/d, p. 92) reforça as relações entre as invariantes escolhidas e o letramento, uma vez que apóia o trabalho com tudo aquilo que é comum à criança para que a insira no mundo letrado.

    Trabalhar com outras áreas do conhecimento é também trabalhar o letramento. Se entendermos por letramento a capacidade de ler o mundo, de interpretá-lo e de ressignificá-lo, percebemos quenão só de textos se constitui o “mundo do letramento”. Destacando um fragmento de Chong, publicado por Soartes (2000), que diz: “[...] é um atlas do mundo, sinais de trânsito, caças ao tesouro, manuais, instruções, guias e orientações em bulas de remédios, para que você não fique perdido.” (p. 41), constata-se que o letramento faz parte também da história, das artes, da geografia, pois faz parte da vida.
    Uma pessoa letrada deve saber ler mapas, ler pinturas, sinalizações, imagens, assim como lê cartas, livros de histórias, diários. É nesse sentido amplo que tem o letramento que identificamos a importância das outras áreas de conhecimento na sua “constituição” como leitura de mundo.

    Referências

    SAMPAIO, Rosa Maria W. F., Freinet - Revolução histórica e atualidades. Ed Mestres da educação, s/d, p. 84;92.

    SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2000. p. 41.

    ResponderExcluir
  3. A maneira como Freinet se propôs a educar, suas técnicas, sua filosofia e objetivos possibilita uma aproximação pertinente ao conceito de letramento, pois a prática pedagógica “proposta” na pedagogia Freinet tem como base a criança, sua maneira de pensar, agir, o contexto em que vive, suas capacidades e possibilidades como sujeito ativo no processo de aprendizagem.

    A pedagogia Freinet assim como o letramento aponta para a aprendizagem/educação significativa, associada à vida.
    Desta forma, considerando as Invariantes Pedagógicas nº. 8 – “Ninguém gosta de trabalhar sem objetivo, atuar como máquina, sujeitando-se a rotinas nas quais não participa”; Invariante nº. 11 “Não são a observação, a explicação e a demonstração - processos essenciais da escola - as únicas vias normais de aquisição de conhecimento, mas a experiência tateante, que é uma conduta natural e universal”; e Invariante nº. 13 – “As aquisições não são obtidas pelo estudo de regras e leis, como às vezes se crê, mas sim pela experiência. Estudar primeiro regras e leis é colocar o carro na frente dos bois”, podemos aproximar a proposta de Freinet com o conceito de letramento que, segundo Magda Soares é definido como: o estado ou condição que adquire aquele como conseqüência da apropriação da leitura e da escrita, é capaz de fazer uso do ler e escrever, atendendo as exigências que a sociedade faz destas habilidades continuamente.

    O poema mostra que o letramento supera a aquisição da leitura e da escrita como habilidade e técnica, permitindo que o indivíduo interaja e participe da sociedade. Seguindo esta concepção de letramento, percebemos que nas Invariantes descritas anteriormente, Freinet preocupou-se em valorizar o contexto social dos indivíduos, considerando seus interesses, destacando a importância da experiência, da prática como meio de aprendizagem tornando-a desta forma mais significativa.

    Pensar a educação na perspectiva do letramento significa incorporar a realidade, a vida ao processo de aprendizagem. Não se encerra na aquisição e domínio da leitura da leitura e da escrita, mas em seus usos sociais nas diferentes áreas do conhecimento uma vez que, por exemplo, a matemática e as ciências também estão presentes na vida da sociedade e da mesma forma como a leitura/escrita são fundamentais para a vida, a participação na sociedade e o exercício da cidadania. È interessante tomarmos como ponto de partida, o contexto dos indivíduos, sua realidade, sua personalidade para então elaborar a proposta pedagógica de modo que esta se torne mais significativa e contemple o real interesse dos educandos. Podemos citar como exemplo de aproximação das outras áreas à proposta de letramento, a possível relação entre a matemática e o uso das medidas/grandezas, resolução de problemas (em que podem ser usadas situações reais). Esta proposta permite contemplar também as ciência, abordando conceitos relacionados a saúde, à natureza e ao meio ambiente, fenômenos naturais, entre várias atividades que podem ser pensadas sempre aproximando a aprendizagem ao contexto/realidade do educando.

    SAMPAIO, Rosa Maria W. F., Freinet - Revolução histórica e atualidades. Ed Mestres da educação, s/d.

    SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Editora Autêntica, 2000.

    ResponderExcluir